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O “DNA” DE UM RECREADOR

O "DNA" de um recreador

Perto dos meus 41 anos de vida e com algo em torno de 23, quase 24 anos atuando, diretamente ou indiretamente, na área da recreação me peguei em um momento de reflexão sobre vários temas dos quais destaco dois:

  • Quem foram e são as minhas verdadeiras referências profissionais?
  • Quem são os verdadeiros recreadores na essência da palavra e, principalmente, na essência da ação e atuação?

A primeira pergunta posso responder facilmente e rapidamente! Os profissionais que me inspiraram foram os professores Vinícius Ricardo Cavallari (VINI), Edson da Costa Vitor (EDINHO PARAGUASSU), Luciano Nardelli (LÚ NARDELLI), Pedro Valverde (PEDRINHO). A eles e outros que REALMENTE são e serão sempre exemplos de profissionais da recreação, fica aqui o meu eterno respeito e admiração. Até onde sei, foi a geração deles que, de alguma forma, acreditou que se poderia atuar profissionalmente nesta área. Tenho certeza dos desafios que os mesmos tiveram e provavelmente muita coisa que fazemos e da forma que fazemos hoje tem como inspiração o que estes “mestres” passaram para tantas gerações. Imagino que muito do que se tem como “receita” de sucesso é proveniente do árduo trabalho destes profissionais que, muitas vezes, usando o método da “tentativa e erro” e “tentativa e acerto” foram definindo os melhores “caminhos e formas” de se atuar na recreação.

Me incomoda profundamente a falta de respeito e reconhecimento de alguns “ditos profissionais da área” que se quer reverenciam àqueles que sempre merecerão uma menção, uma citação…Sim, citação de tantas atividades que hoje muitos apresentam como sendo uma “grande novidade”, uma “grande criação” e que na verdade são atividades que vem sendo passada, há tempos, de “pai” para “filho” perpetuando o conhecimento. Aos novos recreadores, sugiro muito cuidado com a soberba e falta de conhecimento da história da recreação. Houve gerações que aprenderam em uma época “off line” (sem a tecnologia da internet, Google, Youtube) e às vezes me parece que o aprendizado foi mais consistente, afinal atuar com recreação não é simplesmente o ato de repetir um enorme repertório de atividades facilmente encontradas na internet e sim utilizá-las com inteligência e habilidade de quem ao menos sabe exatamente o verdadeiro sentido do que é ser recreador.

Não posso deixar de citar um lugar muito especial, no qual, particularmente, aprendi muito por conta da filosofia e da influência de pessoas que se voltavam para a área de recreação. Estou falando da minha grande “escola”, o Hotel Estância Barra Bonita. Muitos que por lá passaram, vieram a se tornar verdadeiros profissionais que atuam até hoje, de alguma forma, no universo da recreação. Obviamente estou falando das minhas referências e seria injusto se não levasse em consideração tantos outros lugares que também desenvolveram trabalhos magníficos. Preferi não citá-los para não correr risco de injustiça e de falha de minha memória.

E é através do Hotel Estância Barra Bonita e da convivência com os profissionais citados acima e tanto outros que cruzaram minha carreira que pretendo responder a segunda pergunta.

Pra mim o verdadeiro recreador é aquele que acima de tudo tem o “DNA” da hospitalidade e da gentileza, utilizando-se das técnicas da recreação de forma inteligente, sensata e criativa para fazer com que nossos “clientes” possam ser o verdadeiro centro das atenções. O verdadeiro recreador é aquele que tem a capacidade de criar condições para facilitar com que os indivíduos possam usufruir e satisfazer, de forma plena, a necessidade humana chamada “LAZER”.

Tenho percebido que alguns “ditos recreadores” tem se colocado no “centro” deste processo, sendo que o “centro” sempre foi e sempre deve ser ocupado pelos nossos “clientes”. Nesta inversão de valores, vejo “recreadores” se colocando na condição de “pseudo estrelas”, achando que são a parte mais importante do processo, quase que esperando que nossos “clientes” venham lhes pedir um autógrafo!!! Quanta inocência, ou talvez arrogância. Creio que a estes que vem desvirtuando o verdadeiro sentido de “ser recreador”, só posso desejar que reavaliem o seu comportamento e postura e aos que estão começando ou desejam iniciar os seus trabalhos na área desejo que se inspirem em boas referências profissionais e pessoais, afinal trabalhar com recreação é muito mais do que simplesmente reproduzir atividades. É muito fácil ministrar um curso de recreação baseado no simples “set list” de atividades onde o que realmente importa é deixado de lado. É muito fácil ministrar um curso de recreação onde os alunos estão totalmente pré-dispostos a participar das atividades propostas. O grande desafio é conduzir as atividades recreativas com os diversos públicos que encontramos no mercado e não em cursos de formação técnica. Mas é nestes cursos que encontramos os alunos que são como “barro mole”, prontos para começarem a serem “moldados” para o mercado e por isso deve-se ter uma extrema responsabilidade em informa-los das melhores práticas. Pra mim a melhor “forma” para se moldar outros profissionais é aquela “forma” que tem história e fez história. Mais uma vez as minhas reverências a quem fez história na recreação a partir da sua história pessoal e profissional e o meu repúdio àqueles que nem tem história e querem se colocar na condição de “mestres”. Parafraseando: “NÃO BASTA PARECER HONESTO, TEM QUE SER HONESTO”, fiz uma adaptação “NÃO BASTA PARECER RECREADOR, TEMQUE SER RECREADOR”.

 

Prof. Robson Schiavo “BICUDO”

São Paulo, 03 de outubro de 2013

 

OBS: texto reproduzido/publicado com autorização do autor. Texto na íntegra, sem alterações.

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